sexta-feira, setembro 16, 2011

Um sorriso triste

Ela tinha um sorriso triste. Você conhece pessoas assim e deve achá-las boas, simpáticas, solidárias. Você se pergunta o que faz uma pessoa sorrir, quando as vê; tem tanta dor em seus olhos, seus corpos parecem sofrer muito mais a gravidade, mas elas continuam sorrindo. E você corresponde o sorriso, você já sofreu um dia mas sabia que tinha que passar, que iria passar, pensava em tempos mais amenos e sorria para os outros no trabalho. Dizia bom-dia e não o tinha. Mas o sorriso triste dela era diferente, foi o que notei sem querer notar.

Ela estava sentada numa mesa perto da minha num café qualquer, numa manhã ordinária. Notei que tinha um livro meu em mãos, foi isso que me chamou atenção. Era uma moça comum, sem esforço. Parecia igual a tantas, mas estava lendo um livro que tinha meu nome na capa, e minha foto na orelha, então quando ela me olhou imaginei que me reconheceria. Não pareceu. Ainda que o olhar viesse acompanhado daquele sorriso triste.

Eu sorri de volta, um tanto entusiasmado, mas o contato não foi mantido. A moça voltou ao seu livro, ao meu livro, e com essa boa sensação de ainda estar em seus olhos pedi meu café.

terça-feira, abril 12, 2011

Tão igual quanto…

Igual a todo mundo. Era como era, como sentia. O mesmo pão com margarina, o mesmo café recém-feito – as mesmas havaianas último modelo, que todo mundo usa. Uma tendência para gostar de novela (mesmo que mantivesse o aparelho de TV desligado, como uma auto-privação necessária). E a mania de dizer que lia livros. Muitos livros. Todos os best-sellers da temporada.

Era peculiar em sua definição de si como cópia carbono das cópias carbono de toda a humanidade. Não via o que merecia além – de? – do que outros, o que a fazia de uma humildade irritante.

Então ele pergunta:

- O que a faz especial?

Ela responde:

- A capacidade de me pôr em meu lugar.

Ele resolve arriscar:

- Podemos nos ver hoje, depois das dezenove horas?

Ela saltita na cadeira, animada como nunca:

- Claro, Pegador36!

Post-mora

Quando o acaso escolher o momento de voltar

pise devagar para que a tábua do chão não se quebre

Sim, a casa está em frangalhos

as janelas são meros atalhos

para quando as portas emperram

Tente não chamar com a voz alterada

pode cair o telhado, levar ao chão as paredes

A morada se desmonta em partes

apodrece pela umidade fria

a geladeira velha e vazia

pela falta de esmero

o desespero com que forcei a barra da vida

A casa está poluída

pelo desejo errôneo de existir, que sempre vai me tomar

por isso, quando o acaso escolher o momento de voltar

pise devagar, tente não gritar, e espere

segunda-feira, agosto 23, 2010

Aprendendo inglês

Pode soar um tanto bobo e clichê (como quando uma mãe expõe os desenhos abstratos de seu filho de 6 anos para as amigas), mas meu namorado – que está aprendendo inglês – recebeu como trabalho de casa, um texto sobre sua família, e eu, orgulhosa por ele, resolvi postar esse textículo aqui no meu blog:

 

My family by Cheuzíbner

The guy gets a new job in the city e bring his girlfriend or wife same weeks after. This situation is the most common in Macaé. Well, I and my girlfriend, Suelen, are a real exemplar from Macaense Family.

I'm a 25 years old guy who likes video games, rock music, Internet, computers, go to the beach and pizza. In short, I'm almost a geek teenager. Suelen even says that my real mental age is fifteen. I think that I just bring the best of the teenage with me.

Suelen, my girlfriend is wonder (everybody say I should call her my wife, I just think this word is too heavy), sometimes she acts and think extremely like me, and sometimes she's the total opacity. She's a wonder artist, graduates in visual arts, are doing post graduate in performing Arts, are studying classical music, and play guitar as well.

We still have a third member who is Petrovic, our dog. He loves sit in a lap play with bolls and travel by car. In other words, he is a stupid lovely dog pooch. And this is my family.

 

Hoje, no dia em que completo a passagem de mais um ano na minha vida, importo-me mais com o que ainda não sei e não entendo, que com todas as coisas que compreendo completamente. Oh. Pouts. Não há nada que eu saiba assim tão bem. Vou ter que viver mais um tempo…