segunda-feira, setembro 21, 2009

Branco

Caminhou descompassada em direção a boca de cena: o tapete branco. Parou intuitivamente esperando algo, que não atinava o que até ouvir os violinos tocarem a marcha nupcial. Agora, em rima com a melodia da canção brega, com o buquê apertado entre as mãos úmidas na altura do peito, ela foi - circunspecta e firme, adiante.

Era só um passo atrás do outro. E outro. E mais um.

E... Arriou o vestido, deixando entrever as pernas brancas e a sapatilha vermelha. Mágico de Oz, se a mágica existe, era o que acreditava. Viu os olhares despreparados dos seus convidados, tentando absorver a imagem. O que aconteceria à seguir? Bem, nem ela sabia.

Minutos suavam entre seus dedos.

Seus dedos. Suas crenças. Suas escolhas.

Virou-se de supetão, girando as vestes. A lembrança latejava em sua mente, fazendo bater mais rápido o coração. E um passo atrás do outro, cada vez mais rápido, ela saiu de lá.

O lá era branco como suas vestes, branco como as flores que adornavam seus cabelos, branco como o espaço vazio em sua alma desde que o perdera.

Mas ele também estava correndo.

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