Tenho doze minutos.
O que me faz lembrar a angústia de Jacira, a menina sem tempo. Vinha reclamar da demora do acaso em acontecer algo de bom, que de ruim ‘tá sobrando. Não dormia muito para não perder o precioso tempo de espera. Corria coma vida, para ver quem cansava primeiro.
Então um dia, de tanto sacudir a perna, tanto bater a bic na beirada da mesa, e quase parti-la ao meio, o acaso lhe foi bom e breve. Entrou pela sala o homem de seus sonhos, lindo, estarrecedor. E ele a olhou com olhos de fome, arrancando suas roupas. Não era olhada assim desde sempre.
Atravessou a sala, e foi dar na rua. Ali o acaso o fez panqueca embaixo de um carro apressado que atravessava a avenida. Nada, mas nada atraente.
E Jacira não teve tempo de parar o batuque da bic, nem de sacudir a perna, para corresponder com um sorriso a apreciação visual alheia.
Eu tenho. Quatro minutos.
Um comentário:
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blog dedicado ao caio fernando abreu
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