domingo, agosto 24, 2008

23 de agosto

Olhei para o teto, sem cor definida, riscado de giz de cera, sarapintado de mofo: ele tem razão, pensei. “A dor é apenas outra forma” - como várias - e tão irrepreensível quanto.

Peguei papel e caneta, debrucei-me curvada sobre a mesa da cozinha, disposta a por no papel qualquer conjunto de palavras alegres, que retratassem talvez minhas zonas de conforto, talvez a nostalgia da infância. Nada que pudesse querer para o futuro.

Minhas certezas e dores presentes abriam aquele buraco largo e sem fundo, que impedia meus pensamentos de buscarem além.

“Bati quatro vezes a caneta sobre o tampo da mesa antiga. Ergui-me e fui ao meu quarto, de volta ao teto sem cor definida.”

Vinte e seis anos depois e é assim que me explico a vida.
E tudo não passa de teoria.

Um comentário:

Unknown disse...

o melhor das teorias é que cada um tem a sua e, quase sempre, aparece um outro alguém achando que a sua é a melhor, a que explica com mais exatidão e clareza.

o melhor da minha teoria sobre a vida é que estou atrasado, com sono e não consigo elaborar uma sentença que defina a falta de cores que é a minha.

ah, aqui é o dono do http://naughty-boy03.livejournal.com/